“É intolerável que os trabalhadores estejam há cinco meses sem receber; vamos continuar a trabalhar e a desenvolver a atividade prospetiva que a Região tem desenvolvido de forma extraordinária para ultrapassar o impasse e porque acreditamos no futuro industrial desta fábrica”. Valerio Fabiani, assessor para crises trabalhistas e corporativas de Eugenio Giani, toma a palavra diante da antiga assembléia de trabalhadores do Gkn, convocada pela RSU no início da tarde na fábrica Campi Bisenzio.
Sentados às mesas da cantina estão dezenas de trabalhadores que há cinco meses não recebem os seus salários e que testemunham o aperto mortal do limbo em que vive esta comunidade de centenas de pessoas que já não têm nada: nem trabalho – ainda eles são todos contratados – nem folha de pagamento e nem rede de segurança social. Pelo microfone passam as vozes de quem fala sobre o que significa ter “uma filha de 10 anos e uma geladeira vazia”; “Não ter dinheiro para pagar os livros escolares”; “Não saber pagar uma hipoteca de 700 euros por mês”. Sem salário, sem amortecedores “mas as contas têm que ser pagas de qualquer maneira”.
A presença de Fabiani, auxiliado pelas estruturas da unidade de crise, segue-se à convocação da mesa solicitada da Região pelo sindicato urbano e direitos sindicais na empresa, nos Campi. Lá, durante boa parte da manhã, eles fizeram um balanço da mesa solicitada pela Região e se reuniram no Ministério de Negócios e Made in Italy na próxima sexta-feira em Roma. E a linha, aí partilhada, foi depois declinada e partilhada também na reunião da tarde, quando o vereador reconheceu “a dignidade e tenacidade com que os trabalhadores mantiveram o seu cargo para terem um futuro de trabalho nesta fábrica” .
Há também alguns momentos de tensão por uma situação que se mostra cada dia mais comprometida. “Já vimos os resultados da especulação financeira, não gostaríamos de ver os da especulação imobiliária” continua Fabiani que acrescenta: “Esta é uma disputa nacional que não pode ficar inteiramente nas costas dos trabalhadores e da Região”.
A actividade de prospecção da Região já identificou alguns sujeitos que poderão ter interesse em ocupar o local e assim garantir o seu futuro industrial e laboral. “Essa atividade vai continuar – garante o vereador – e será colocada à disposição do administrador extraordinário se o ministério reconhecer os requisitos técnicos exigidos e confirmar vontade política nesse sentido”. É o ponto político do dia, este da administração extraordinária, a saída no que diz respeito à liquidação ou falência. A administração extraordinária, esclarece-se, permite a utilização de redes ad hoc de segurança social que têm uma duração muito superior às que podem ser concedidas em caso de liquidação.